"Lutei para escapar da infância o mais cedo possível.
E assim que consegui, voltei correndo pra ela."
Orson Welles
Children's games - Pieter Bruegel (1525/30 - 1569)
"Eu com as quatro,
eu com ela, eu sem ela,
eu por cima, eu por baixo."
...e lá íamos nós cantando, movimentando mãos, prestando atenção, experimentando posições. Sem querer (nem saber) íamos construindo um eu e tecendo laços com outros eus.
"Lá em cima daquela montanha,
avistei uma bela pastora,
que dizia em sua linguagem,
que queria brincar.
Bela pastora entra na roda,
para ver como se brinca.
Uma roda, roda e meia
Abraçais quem vós quereis."
As cantigas de roda... esquecemos? Mas ficamos marcados pela ciranda de mãos que dávamos, largávamos, dávamos de novo, e mais brincávamos, mais queríamos brincar.
"São três irmãos.
O primeiro já morreu;
o segundo vive conosco
e o terceiro não nasceu?"
- passado, presente e futuro! Adivinhávamos, sem saber que exatamente naquele momento vivíamos um tempo e construíamos outro.
Mas um dia o jogo muda e o brincar emudece.
Mais tarde, quando a poesia pode ser nossa possibilidade de redenção, como encontrá-la?
"Ela está para além da seriedade, naquele plano mais primitivo e originário a que pertencem a criança, o animal, o selvagem e o visionário, na região do sonho, do encantamento, do êxtase, do riso. Para compreender a poesia precisamos ser capazes de envergar a alma da criança como se fosse uma capa mágica, e admitir a superioridade da sabedoria infantil sobre a do adulto.", nos diz Huizinga em seu livro "Homo Ludens".
Tudo isso por causa de uma experiência recente. Tenho sempre certa cautela com vídeos que expõem crianças, seja de que forma for. Mas um deles me comoveu. O pequeno Howard parecia se divertir diante das pessoas que o assistiam, surpresas diante da potencialidade do menino. Não sei das condições reais, mas parecia uma brincadeira onde risos, seriedade, erros e acertos compõem, ao final, a música de um momento poético.
E assim que consegui, voltei correndo pra ela."
Orson Welles
Children's games - Pieter Bruegel (1525/30 - 1569)
"Eu com as quatro,
eu com ela, eu sem ela,
eu por cima, eu por baixo."
...e lá íamos nós cantando, movimentando mãos, prestando atenção, experimentando posições. Sem querer (nem saber) íamos construindo um eu e tecendo laços com outros eus.
"Lá em cima daquela montanha,
avistei uma bela pastora,
que dizia em sua linguagem,
que queria brincar.
Bela pastora entra na roda,
para ver como se brinca.
Uma roda, roda e meia
Abraçais quem vós quereis."
As cantigas de roda... esquecemos? Mas ficamos marcados pela ciranda de mãos que dávamos, largávamos, dávamos de novo, e mais brincávamos, mais queríamos brincar.
"São três irmãos.
O primeiro já morreu;
o segundo vive conosco
e o terceiro não nasceu?"
- passado, presente e futuro! Adivinhávamos, sem saber que exatamente naquele momento vivíamos um tempo e construíamos outro.
Mas um dia o jogo muda e o brincar emudece.
Mais tarde, quando a poesia pode ser nossa possibilidade de redenção, como encontrá-la?
"Ela está para além da seriedade, naquele plano mais primitivo e originário a que pertencem a criança, o animal, o selvagem e o visionário, na região do sonho, do encantamento, do êxtase, do riso. Para compreender a poesia precisamos ser capazes de envergar a alma da criança como se fosse uma capa mágica, e admitir a superioridade da sabedoria infantil sobre a do adulto.", nos diz Huizinga em seu livro "Homo Ludens".
Tudo isso por causa de uma experiência recente. Tenho sempre certa cautela com vídeos que expõem crianças, seja de que forma for. Mas um deles me comoveu. O pequeno Howard parecia se divertir diante das pessoas que o assistiam, surpresas diante da potencialidade do menino. Não sei das condições reais, mas parecia uma brincadeira onde risos, seriedade, erros e acertos compõem, ao final, a música de um momento poético.
Telma:
Suas postagens, como sempre, excelentes. Abraço, Henrique.
Que lindo!