Para medir sua obra, Antônio Houaiss citou as "angústias afins" de Erasmo, Swift e Valéry; já Alfredo Bosi festejou: "Não é só o metro que agora se libera e espraia: a música toda se desata procurando seguir de perto as ondulações sutis dos estados de alma".
Ambos se referem a Jayro José Xavier, que é considerado por alguns um dos maiores poetas brasileiros vivos, ao lado de Manoel de Barros. Pois o autor acaba de lançar um livro feito por conta própria - mesmo. Recém-aposentado e sem editora, Xavier aproveitou seus conhecimentos de encadernação, uma prensa de madeira e papel reciclado de Itamonte, e tratou de confeccionar Poemas, onde reúne textos de 40 anos de carreira literária.
Uma pena que, no Brasil, uma obra tão preciosa fique relegada a uma tiragem de 250 exemplares (encomendados no e-mail jayroxavier@gmail.com). Ao mesmo tempo, é importante dizer: a edição caseira é um charme só. E, para dar um gostinho de seu conteúdo, segue o poema "O caracol":
"Mora entre as sombras eternas do fundo do pátio
e não canta. Antes inclina as antenas
e capta
a branda aspereza do dia
À noite sai,
tece uma seda líquida nos ladrilhos de cimento
Nem é um bicho, é
um silêncio
lentíssimo - mucosa e casa
movendo-se
Sábio molusco
No estio adverso encolhe-se feito feto
na valva em espiral. E adere
- úmido -
à dura pele da terra
(todo ele concha
e nostalgia
da unidade)"
Juliana Krapp
http://www.jblog.com.br/ideias.php?itemid=8208
Linda poesia, aliás, o livro todo deve ser lido e sempre revisitado. É um livro para estar junto aos nossos maiores poetas brasileiros.
Ave, Jayro!
Bjs p/ a Telma e abraços ao Jayro
"Twittei" com link para cá !
Beijo!