Tríptico com melopeia
Sob a pele
lento e surdo
um lume.
Pelas ruas
somente a palha
o velho cascalho
das palavras.
Onde os claros, longos dias do Verão?
Onde uns olhos amorosos, a chamar?
Tortos mortos rios
as planícies devastadas.
Pedra e cal
e a mó moendo infatigavelmente.
Distante, muito além
um obstinado fagote
recorrente e rouco.Henrique Chaudon
Não resisti e embarquei, quando li esse belo poema do Henrique Chaudon,
nos sons da memória. Um fagote.
A primeira lembrança, certamente também para muitos, é a peça musicada de Prokofiev "Pedro e o Lobo". O som grave do fagote anunciava as advertências do avô contra o heróico desejo de Pedro: caçar o lobo.
A outra grata lembrança foi quando conheci Noel Devos em uma apresentação da Orquestra Sinfônica Brasileira. Noel nasceu na França, mas veio para o Brasil na década de 50 como primeiro fagotista da OSB. Ainda tenho um LP dele, comprado na ocasião, intitulado: "Francisco Mignone - 16 valsas para fagote solo". Um solo de Noel Devos. E constatamos: um fagote recorrente e rouco. Ah... mas também tão doce...
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