Telma Miranda


The evening
Caspar David Friedrich (Alemanha, 1774-1840)


Im Herbst

1. Ernst ist der Herbst, und wenn die Blätter fallen,
sinkt auch das Herz zu trübem Weh herab.
Still ist die Flur, und nach dem Süden wallen
die Sänger stumm, wie nach dem Grab.

2. Bleich ist de Tag, und blasse Nebel
schleiern die Sonne wie die Herzen ein.
Früh kommt die Nacht: denn alle Kräfte feiern,
und tief verschlossen ruht das Sein.

3. Sanft wird der Mensch. Er sieht die Sonne sinken,
er ahnt des Lebens wie des Jahres Schluss.
Feucht wird das Aug', doch in der Träne Blinken
entströmt des Herzens seligster Erguss.


Klaus Groth (Alemanha, 1819-1899)





Im Herbst
Johannes Brahms (Alemanha, 1833-1897)



Outono

1. Sério é o outono, e quando as folhas caem,
também o coração mergulha em obscura dor.
Silêncio há no campo, e para o sul peregrinam
cantores mudos, como ao túmulo.

2. Pálido está o dia, e neblina esbranquiçada
envolve o sol bem como os corações.
A noite chega breve: folgam todas as forças,
e o ser repousa em silêncio profundo.

3. Suave se torna o homem. Vê como o sol se põe,
pressente o fim da vida como do ano o fim.
Seu olho umedece, porém no reluzir da lágrima
escapa feliz desabafo do coração.

(http://www.dhbyte.com.br/ccantorum/TraduBrahms_Herbst.pdf)
Telma Miranda



Os dias nunca mais serão os mesmos em Realengo. A vida se desfez. Faltam peças fundamentais no quebra-cabeça e, por isso, já não há sentido. A dor é tamanha que ecoa dentro de todos nós. Como fazer para recuperar os dias? Não há como. Nunca mais a vida será a mesma. As peças continuarão ausentes e o mundo queda em um silêncio/grito mortal. Quase impossível lidar com as perdas, os absurdos, o não-entendimento. Neste momento só cabe a dor de tudo sentir e nada compreender. E a cada dia, mais dor parece advir e quanto maior a dor, menos se torna possível entender. Mas justamente neste momento é preciso não adoecer e sim adolescer. Sem dúvida, é preciso ser Karine ou Larissa e imaginar uma nova vida a partir da presença de suas ausências. Uma vida diferente, sim, muito diferente do que se imaginava. Por isso mesmo, imaginar é preciso. Sonhar, como elas, um mundo possível. E aí um dia - de sol ou de chuva -, diante de um mundo sem sentido, poder reunir os fragmentos e inventar um novo desenho, novos rumos. Como só a adolescência é capaz.
Marcadores: 2 comentários | |
Telma Miranda
Marcadores: 0 comentários | |
Telma Miranda

Jiri Kolar (Praga, 1914-2002)


DIA DE OUTONO

Senhor: é tempo. O verão foi muito longo.
Lança a tua sombra sobre os relógios de sol
e solta os ventos sobre as campinas.

Manda que os últimos frutos se arredondem;
dá-lhes inda dois dias mais meridionais,
leva-os à perfeição e faze entrar
a última doçura no vinho pesado.

Quem agora não tem casa, já não vai construí-la.
Quem agora está só, longo tempo o será,
fará vigílias, e lerá, escreverá longas cartas
e vagueará, de cá para lá, nas alamedas,
agitado, quando o vento arrasta as folhas.

Rainer Maria Rilke (Praga, 1875-1926)
Tradução: Paulo Quintela





Antonín Dvorak (Praga,1841-1904)

Concerto para violoncelo e orquestra (1º movimento)