Telma Miranda

Mad Woman, Delacroix, 1822



Madness


A tal lucidez incomunicável

Que nos deixa mais sós

Não na noite infinda

Mas na manhã

apenas iniciada...



Escrevi isso há algum tempo. Sobre um verso de Pessoa: " A lucidez incomunicável é a pior solidão". Loucura e lucidez unidas na angústia da incomunicabilidade. Muitas vezes me surpreendo palavreando na tentativa de dar conta do tamanho da manhã. Daí a ilusão de clareza e urgência tamanha do papel. Ou da tela, anyway.
E me desconcerto, enquanto o mundo se desconserta.
Mas, paradoxalmente, toda essa loucura (habitada e alheia) que nos aprisiona também nos liberta. Como se brotasse, da alma desassossegada, uma chave que não abre coisa alguma mas que existe em si mesma como possibilidade. Tudo isso pra dizer que reli Clarice e me incomuniquei nela. E acordei com ela um acordo de silêncio. ( A incomunicabilidade junto à Clarice set me free...)


PS: Como não há mais bosques, decidi que a partir de amanhã vou caminhar todos os dias até a praia de Itacoatiara para des-palavrear o mundo. Quem sabe amanhece uma manhã lúcida de sol...
Marcadores: , |
3 Responses
  1. celeal Says:

    Querida Telma,
    Que o silêncio das areias de Itacoatiara produzam este encontro clariceano com o mundo mágico do oceano das palavras.
    bjs


  2. Oi Telma,

    Por aqui encontrei Clarice,Jayro,Telma,Carlos eduardo e silêncio.Confesso me senti em cas.

    Com admiração,

    Cris


  3. Oi, Cristina.
    Saber que se sentiu em casa me deixou feliz.
    E a casa é nossa: com silêncios, músicas e palavras trocadas.
    Beijos.
    Telma.


Postar um comentário