Telma Miranda

View of Dresden at full moon, Johan C.C.Dahl,1839

Uma das composições mais populares de Mendelssohn (1809-1847), este concerto para violino em ré menor, sem dúvida, é belíssimo. Assim como essa visão idílica de Dresden.





Mas...




...Dresden, a cidade barroca que representava a alta cultura da Saxônia, foi bombardeada pelos aliados na noite de 13 para 14 de fevereiro de 1945.

"Sessenta anos após o ataque aéreo que não deixou pedra sobre pedra, o poeta Durs Grünbein, natural de Dresden, publica o poema Porzellan: Poem vom Untergang meiner Stadt.
O longo poema rimado de 49 décimas é emoldurado por duas fotos de Dresden: uma vista aérea da cidade antes da destruição, que mostra o "S" do rio Elba e as construções às suas margens, e um antigo cartão postal da torre do Zwinger, o pavilhão barroco no centro da cidade, com um cupido em primeiro plano. O poeta canta as grandezas de "sua" cidade (apesar de ter nascido 17 anos após sua destruição), intercalando estrofes sobre os horrores da guerra aérea.

Dresden: Pompéia alemã?

Repita: não precisa de muito pra fazer
de uma cidade paisagem lunar. Ou carvão
de quem lá mora. Imagine só: acontecer
na pausa da ópera, buscar cigarro em vão.
E nas ruas, caindo mortos, o breu fervendo.
A mão do ciclista cola azul no guidão, neve,
mar de casas varrido por desértico vento.
Faraós em trajes de inverno queimam em breve.
Mais quente que qualquer verão. O último alarme
mal se dissipa, e no centro a cinza ainda arde."

(http://www.dw-world.de/popups/popup_printcontent/0,,1838439,00.html)



Ainda ouvindo Mendelssohn dá pra imaginar a destruição e a reconstrução de Dresden?



A melancolia e a tristeza de existir persiste. Seja 1839, 1945, 2005. Assim como as cidades, também nós sofremos momentos de destruição e permanente necessidade de reconstrução. Entretanto a mesma dor que nos sufoca é também ela que nos impulsiona a criar novos sentidos, a reconhecer a não-dor, a partir ou a ficar, desde que se escolha a dor e não o nada. E Mendelssohn.
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