XXV
Telma Miranda
Solta no espaço vivo, onde me leva
minha meditação? É suficiente
o desenho das coisas
nítido e limpo aos olhos?

O que antes me bastava não me basta
mais? que procuro? a ponto de nem ver
o visível, matéria
silenciosa que vive,

e porque vive não é só matéria,
e volta um dia ao nada inteiro e vivo,
ao nada que é um ventre
(não um vazio) ativo.

Chega ao nada ultrapassando tudo.
Tudo o que compreendo ainda tem forma,
e portanto depende
de um dos modos de ver.

Mas se ultrapasso não entendo mais:
vermelhas flores, campos, rios, árvores,
são formas de uma ausência
absoluta de forma?

São formas aparentes do Real?
O real é o invisível do visível?
a distância que vai
do que sei ao que sou.

Marly de Oliveira in "A Vida Natural"
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