Telma Miranda
"Amar é regozijar-se, ou mais exatamente, amar é regozijar-se com. Imagine que alguém lhe diga: "Fico contente com a idéia de que você existe", ou então "quando penso que você existe, fico contente". Você vai considerar isso uma declaração de amor - e com razão. Mais do que isso, é uma declaração de amor que não lhe pede nada. Vocês podem objetar: "Mas, quando alguém diz "eu te amo", também não está pedindo nada..." Está sim. E não apenas que o outro responda "eu também". Ou antes, tudo depende de que tipo de amor se declara. Quando você diz "eu te amo", isso significa: "Você me falta" e, portanto, "eu te quero". Então é, sim, pedir alguma coisa, é até mesmo pedir tudo, já que é pedir alguém, já que é pedir a própria pessoa! "Eu te amo: quero que você seja minha". Ao passo que dizer "Estou contente com a idéia de que você existe" não é pedir absolutamente nada: é manifestar uma alegria, em outras palavras, um amor que, é claro, pode ser acompanhado de um desejo de união mas que não poderia ser reduzido a ele. Tudo depende do tipo de amor de que se dá prova, por que tipo de objeto. É aí que residem, explica Spinoza, "toda a nossa felicidade e toda a nossa miséria."
Este é um trecho livre de uma passagem de um pequeno grande livro chamado A Felicidade Desesperadamente, do filósofo francês André Comte-Sponville. Esta é uma indicação de leitura para todos aqueles que ficam felizes quando pensam que certas pessoas existem.
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